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VITIVINICULTURA

Epamig busca diversificar a produção de vinhos finos de inverno

Área experimental foi instalada no ano de 2015 em uma propriedade de Andradas

Publicado em 18/01/2021 às 00:00
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Dupla poda está entre as técnicas aplicadas pela Epamig (Foto: Epamig)

A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) realiza dois experimentos para ampliar as opções de variedades de uva para a produção de vinhos finos de inverno sob o manejo de dupla poda. Área experimental foi instalada no ano de 2015 em uma propriedade de Andradas.

O trabalho consiste na avaliação de oito diferentes porta-enxertos nos parâmetros agronômicos e ecofisiológicos das videiras Merlot, Cabernet Sauvignon e Syrah e na testagem de 12 variedades tintas e brancas, ainda não cultivadas no estado.

“Dentre as variedades tintas, nós temos Tempranillo, Touriga Nacional, Mourvedre, Petit Verdot, Grenache, Carmenere, Marselan, e como variedade testemunha, para efeitos de comparação, a Syrah, uva tinta que melhor se adaptou ao cultivo de inverno. E entre as brancas, nós utilizamos a Marsanne, a Muscat Petit Grain Blanc, a Viognier e a Vermentino. Variedades que ainda não tinham sido experimentadas sob o manejo de dupla poda”, informa o pesquisador da Epamig, Francisco Câmara.

A área experimental foi instalada no ano de 2015 em uma propriedade comercial no município de Andradas, a Vinícola Casa Geraldo, e já se prepara para a quarta safra. “Nós avaliamos as safras de 2018 a 2020 e estamos nos preparando para a safra 2021. A primeira safra, geralmente, tem menor potencial, porque a planta ainda está muito jovem, terminando de se formar. Então, em teoria, tivemos duas safras para comparar e houve algumas variações, não sabemos ainda se por questões climáticas, já que em 2020 choveu muito no mês de fevereiro, quando ocorre a floração”, detalha o pesquisador.

Francisco Câmara destaca que algumas variedades já demonstraram potencial para o cultivo sob o manejo de dupla poda. “Alguns exemplos são a Marselan, a Tempranillo e a Grenache, entre as tintas. Entre as brancas, podemos falar da Marsane, da Vermentino e da Muscat Petit Grain Blanc, que foram muito produtivas, com ótimas características, alta acidez, bons conteúdos de sólidos solúveis, que são os açúcares que serão transformados em álcool. Durante a vinificação deu para perceber o potencial aromáticos delas, apesar de os vinhos ainda não terem passado por análises sensoriais”, avalia.

Porta-enxertos


A prática da enxertia da videira é obrigatória em vinhedos de quase todo o mundo como forma de prevenção à filoxera (Daktulosphaira vitifoliae), afídeo que ataca às raízes da espécie Vitis vinifera, causando o apodrecimento do sistema radicular, que foi responsável pela devastação dos vinhedos europeus em meados do século XIX e posteriormente disseminado para outras regiões vitícolas.

Os porta-enxertos também auxiliam no combate a outros patógenos como nematoides e cochonilhas e na captação de água e nutrientes, dentre outras condições que favorecem o desenvolvimento da planta. Sob o manejo em dupla poda recomenda-se a utilização de porta-enxertos que possam conferir o vigor necessário para suportar os dois ciclos de crescimento.

“No segundo ciclo, o reprodutivo, que culmina na colheita, entre junho e agosto, há menor disponibilidade hídrica no solo e mais frio, então o porta-enxerto deve ter tolerância ao estresse hídrico moderado. Precisa também induzir vigor vegetativo e reprodutivo, mas não em excesso. Não é viável economicamente, você ter uma planta que produz muita folha e sem cacho, assim como não dá para ter muito cacho e pouca folha, pois isso atrapalha o processo fotossintético, o que pode afetar a produção e as reservas da planta”, explica Francisco Câmara.

A videira Syrah foi avaliada como referência nesse experimento. “A Syrah é muito produtiva mesmo em porta-enxertos pouco vigorosos. Já a Sauvignon Blanc, variedade branca mais cultivada para manejo em dupla poda, que não foi avaliada, pode apresentar maior produtividade se testada em porta-enxertos mais vigorosos, como que já ocorreu com a Merlot em nossos experimentos”, finaliza Francisco.

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